sábado, 20 de fevereiro de 2010
Travessuras da minha infância
Essa peripércia ocorreu no longínquo ano de 1991, não me recordo da data exata.
Eu, então um aluno da 4ªsérie Azul do Colégio Santo Agostinho, tive minha primeira experiência com sexo.
Calma! Não é isso que vocês estão pensando.
Eu fui assistir a uma palestra com temática sexual e enfoque na AIDS e no homossexualismo.
Sobre a palestra, ainda bem que não a levei à sério, pois para a palestrante o homossexualismo só atingia a homens que gostavam demais da mulheres para fazer "amor" com elas e eu como um amante incondicional das mulheres não estou disposto a mudar minha opção sexual por esse amor.
Bom, voltando a travessura, a palestra consumiu o tempo das primeiras aulas e do recreio. na época o momento mais importante do dia para mim.
Nossas professoras, "tias" Júlia e Cristina, só nos liberaram para comprar o lanche e retornar para a sala.
Eis que na cantina da escola eu e dois colegas (Gustavo e Luis Eduardo) encontramos uma ficha de telefone no chão da escola, cara ficha telefônica é do tempo em que o arcoíris era em escala de cinza.
Sou um sujeito muito topetudo, ou como dizem os goianos galudinho, e desafiei meu amigos a ligarem na minha casa (2252791 era o telefone da época) e falarem que eu quebrei o braço ou a perna.
Ofereci lanches pra quem fizesse essa diabrura.
Os dois amigos acima citados correram para o orelhão mais próximo e deram o trote lá em casa.
Eu não acreditei que alguém pudesse cair numa dessas mais todos os meus familiares cairam e chegaram na escola em menos de 5 minutos para me socorrer.
Quando viram que minha saúde estava ok e descobriram a verdade a casa caiu para os três "smurfs encapetados".
Já para a sala da "tia" Clotilde! Bradou nossa professora, com toda a razão.
"Tia" Clotilde era uma dessas figuras que marcam a vida das pessoas, ela era a coordenadora da escola e possuia um folclórico sino que dava início e fim ao nosso recreio.
Quando chegamos na coordenação percebi que meus "comparsas" tremiam mais do que vara verde.
Na minha lógica o que EU tinha feito era, somente, perder um desafio então não tinha porque temer aquela situação.
Quando nossa ilustríssima coordenadora começou a nos passar uma descompostura minha mãe entrou na sala e presenciou a seguinte cena:
Um dos meninos dizia chorando: " Tia não fala pro meu pai não ele tem 5 pontes de safena e pode morrer".
O outro mais desesperado ainda berrava: " Tia se meu pai souber disso eu vou apanhar até cagar nas calças".
E eu estava lá imóvel e pusilânime com meus braços cruzados.
Minha mãe saiu da sala pois estava dando trela de tanto rir da situação e não podia tirar a autoridade da nossa coordenadora.
Por fim, para concluir, escapamos de uma punição mais severa porque mencionei que meus pais tinha acabado de se separar e eu estava sem contato com meu pai(mentira).
Mas agora já um homem feito lembro dessa situação e penso: Como um professor pôde ser tão endiabrado em sua infância?
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
É carnaval
Para algumas pessoas o carnaval é só mais uma desculpa para a vagabundagem.
Para outras é o sinônimo da expressão cultural tupiniquim.
Apesar de ser um fã incondicional de rock n' roll me posiciono mais próximo à segunda ideia.
Tenho muitas ressalvas ao comportamento das pessoas nessa época do ano.
Penso que não existe desculpa aceitável para tanto "furor genital" nas pessoas.
Também não concordo com os atos de vandalismos que vemos nas cidades costeiras durante o feriado.
Mas, em hipótese alguma, penso que é um estímulo a preguiça humana.
Se remetermos, no bom sentido, à história esse é momento em que as pessoas tinham para celebrar as conquistas obtidas durante o ano.
Não sei se sou humanista demais, ou coisa que o valha, mas penso que esse momento é válido para todos nós.
Ou como diria Che: "Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás"
Por fim, gosto tanto de carnaval que criei uma rádio virtual de rock n' roll no feriadão.
Nada como um feriado para começar o ano.
Que digam os jacobinos de Robespierre.
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domingo, 15 de novembro de 2009
A Filosofia como palco da luta de classes*
A práxis é fundamental para o verdadeiro saber. Paradoxalmente, essa conclusão só pode ser comprovada na prática. O conhecimento ensimesmado apenas se auto justifica, criando abstrações que, por irônicas coincidências, podem ter aplicação real. Ou não.
Até hoje, a Academia se debruça sobre os argumentos de Platão e Aristóteles. Sem desmerecer a importância epistemológica destes, e dos demais autores ditos clássicos, mas seus postulados são reescritos a cada geração, como se houvesse um surdo pânico de que se perdessem a minúcias de seus excertos nos ecos do passado. Não exatamente a perda do significado literal, denotativo, dos textos, mas da forma de raciocinar e compreender o mundo. Esse temor se justifica num breve exame, além da superfície, sobre os nomes que se destacaram no desenvolvimento da história das idéias. Quantos não terão sido os gênios enterrados na vala comum, sem louros ou glória? Quantas idéias foram soterradas, ou abortadas em processo de maturação?
A questão que emerge então é um lugar-comum da própria filosofia: a história é contada pelos vencedores. O outro lado da moeda, de que essa assertiva não invalida a tradição dos vencidos, é simplesmente ignorada no terreno do conhecimento, desnudando o caráter arbitrário e autoritário daquele ambiente que deveria ser ventilado pelas mais profundas aspirações de liberdade de expressão, mas que age como verdadeira liturgia das determinações do que devemos e podemos pensar.
Nas cíclicas, porém eternas releituras, à ausência do espaço público, da morte da política enquanto expressão de humanidade, problemas concretos do mundo atual, é invocada mais uma vez a Grécia, amaldiçoada pela arrogância de almejar feitos inauditos e discursos memoráveis à danação perpétua, jamais se permitindo o descanso dos escombros do que foi aquela civilização. Ou ressuscitam da Civitas Romana o conceito de República. De tal modo que, ou retroagem ao modo de produção escravista da Hélade, ou se aferroam a um regime censitário que se arvorava sapiente e moralizante na condução dos negócios públicos. Em qualquer dos enfoques se revela a opção, racional ou intuitiva, a partir de um ponto de vista, qual seja, o da classe dominante.
Os detentores do saber filosófico da Idade Média se filiaram por afinidade classista, a cada uma das correntes de pensamento que conhecemos até os dias de hoje e expurgaram, sob pena de heresia, toda e qualquer oposição. Heresia, palavra que sofreu adulteração em sua prévia acepção. Na origem, herético era aquele que escolhia ou optava por algo – concepção absurda para a dogmática patrística1. Daí derivaram os tomistas aristotélicos e os neoplatônicos, que na verdade mal disfarçam a velha dicotomia entre idealismo e materialismo, sob o manto do cristianismo no que essa ideologia teve de pior: intolerância, ignorância e promiscuidade com o poder constituído. Outro termo que foi completamente deturpado foi o próprio adjetivo que nominou a Igreja: católica (isso um dia já significou universal, abrangente). A ousadia de enfrentar a aliança entre dois mundos custou rios de sangue aos torturados pela Inquisição, ou apenas as trevas da invisibilidade intelectual.
Com o Renascimento, esperanças de se romper as amarras escolásticas2 vieram à tona. Como pano de fundo, uma nova classe começava a contestar o poder vigente. Logo, se apossaram da filosofia como instrumento de divulgação e propagação de suas idéias, o que num primeiro momento foi positivo, pois deu vez e voz àqueles que estavam à margem cultural do mundo, mas depois acabou a transformando em algo inócuo, mais um ornamento entre as posses que os mais distintos cidadãos exibiam. A filosofia se tornou um gato de palácio. A erudição virou pré-requisito para se pensar. E ser culto, sinônimo de chique; citar em outro idioma, então, virou garantia de respeito e admiração. Muita pseudofilosofia foi vomitada para a alta sociedade se entreter, entre uma ópera e um baile de gala.
Rousseau foi renegado. Era um sans culotte3, cujo extrato social jamais havia tido oportunidade de manifestar suas opiniões. Quando surgiu, pela originalidade de sua verve, foi inclusive condecorado. Laurear um iniciante, mesmo contendo uma interpretação que violava os cânones da ordem vigente, não causava qualquer risco para o regime. Ao contrário, soava como um gesto nobre de condescendência. Contudo, quando ficou explícito o potencial revolucionário de seus argumentos ele foi defenestrado dos ambientes vetustos. Os Enciclopedistas lhe viraram a cara. Suas obras foram queimadas em praça pública, expediente que tempos depois vimos o nazismo utilizar. Um dos arautos da burguesia (Voltaire) se prestou ao papel de humilhá-lo, tal qual um suserano diante de um vassalo.
Marx iniciou seus estudos superiores na cátedra do direito. Contudo, seu pendor para a sistematização racional, e seu horror ao senso comum engessado dos juristas o levou à filosofia. Conquistou o doutorado com a tese “Diferenças entre as filosofias da Natureza em Demócrito e Epicuro”. Seu legado teórico é imensurável. Foi o primeiro a se tocar que aos filósofos não bastava a mera contemplação do mundo: urgia transformá-lo. Porque para Marx, a filosofia se interligava com a revolução. Apesar desse aporte intelectual, e do enorme fôlego que ele concedeu a essa disciplina, não tardou para que também fosse enxotado da Universidade. Talvez seus professores tenham adjetivado seus escritos como levianos, panfletários, dispersivos, ou ainda imprecisos historicamente.
A triste constatação é que graças a essa postura, a filosofia é tão enfadonha para quem vive no dia a dia, as agruras típicas de uma sociedade de classes. E é por isso também que há uma imensa dificuldade de explicar – honestamente – qual sua utilidade. Todo aquele que anseia mudar o mundo se ilude e se decepciona com a filosofia. Ela tem por escopo ser conservadora. Ela não liberta do senso comum. Não está no seu programa ser acessível à plebe rude. A filosofia é a porta voz das idéias da classe dominante. E a ferramenta retórica dos detentores do poder. Todo tirano traz consigo um filósofo a tira-colo para dar materialidade ao seu aparato ideológico – que a princípio seria insustentável, mas que pelas armadilhas terminológicas torna-se palatável, e aceito pelos corações mais ingênuos.
Althusser enxergou a luta de classes no campo da educação. Também vislumbrou a outra faceta da filosofia: como arma revolucionária (desde que tomada de assalto da burguesia; mas ainda assim, um óbvio instrumento de classe). Se tivesse prosseguido nessa linha de pesquisa teria condenado toda a filosofia como expressão ideológica da burguesia. Em outros períodos, em outras configurações de classe, já foi o substrato teórico dos senhores de escravos, dos reis, dos bispos, etc... Hoje, a verborragia filosófica se perde em quinquilharias gramaticais e em reinterpretações que não têm possibilidade de responder aos dilemas contemporâneos. Em uma palavra, inofensiva.
A contra-história da filosofia já está sendo escrita por Michel Onfray. É mais um resgate dos que foram massacrados por milênios de moral cristã e ética de castas. Os manuais, os compêndios, as enciclopédias, os trabalhos universitários evitam cautelosamente esse imenso continente do conhecimento. Graças a isso, só conhecemos as figuras mais austeras e menos interessantes da filosofia. Porque será? Porque se fosse admitido o caráter classista dessa matéria, se compreenderia o favorecimento dos pensadores que trabalharam segundo as suas tendências e a exclusão consciente de todos os traços de uma filosofia alternativa. Daí a ocultação tantas ideias reveladas por personagens furiosas.
E quais os pontos em comum destes indivíduos? A preferência pela sabedoria prática, pelo vocabulário claro, pela exposição límpida, pela insurreição e pela liberdade de fato. À maneira dos sábios, todos eles menosprezaram a linguagem hermética e obscura, a filosofia só para filósofos, as discussões de especialistas, os assuntos próprios de profissionais, as justificativas para a opressão e fizeram-no porque pretendiam fazer da filosofia uma arte de viver – de viver bem num mundo melhor.
* Há um projeto de desenvolver essa tese de forma mais aprofundada e afrontosa, em âmbito acadêmico.
1 A filosofia dos santos padres, que criaram esse monstro de iniquidades que foi a Igreja medieval.
2 Sistema teológico-filosófico surgido nas escolas da Idade Média e caracterizado pela coordenação entre Teologia e Filosofia. Manteve-se em alguns estabelecimentos até os fins do século XVIII.
3 Do francês "sem calção". Era a denominação dada pelos aristocratas aos artesãos, trabalhadores e até pequenos proprietários participantes da Revolução Francesa. Recebiam esse nome porque não usavam os elegantes culottes, espécie de calções justos que apertavam no joelho que a nobreza vestia, mas uma calça de algodão grosseira.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Fraude
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Personalidades e suas personalidades
No mundo esportivo, assim como no mundo "real", vemos quem são os vencedores e quem os perdedores não somente pela qualidade técnica como também por seus traços de personalidade e sua capacidade de não sucumbir às pressões sofridas. Destaco alguns casos que merecem, no mínimo, uma análise desse blog.
Rubens Barrichello - Um piloto de talento extraordinário, entretanto, quanto mais depositamos nossas fichas nele mais ele decepciona seus adeptos. O que é o diferencia do termo "pipoqueiro" é que quando as expectativas são as piores seus resultados são espetaculares.
Galvão Bueno - É aquele tipo de pessoa que conhece de tudo e de todos, perito nas mais distintas áreas do conhecimento, como física e línguas estrangeiras ou esporte e política. A opinião dele é mais importante e verdadeira do que qualquer outra. Traduzindo "o mala". Essas pessoas que sabem tudo criam uma ideia de nunca errarem e quando o fazem o impacto é maior do que os erros das outras pessoas.
Michael Schumacher - Como um sujeito com resultados medíocres, no significado pejorativo dessa palavra, pode se transformar no maior piloto de todos os tempos? O motivo é simples, obstinação. Toda a oportunidade que o "spoonface" tinha de melhorar seus números ele, em algumas vezes de forma inescrupulosa, não pestanejava em tentar. Essa personalidade é muita rara de ocorrer em qualquer ramo profissional, porém, seria o ideal na sociedade capitalista em que vivemos.
Mané Garrincha - Instintivamente, o maior jogador de futebol de todos os tempos. Os técnicos e cronistas da época falavam que se o marcador pensasse para marcar Mané seria batido com facilidade por que Mané não pensava tudo o que fez, em campo, era instinto. Fora das quatro linhas sempre se envolveu com as piores companhias possíveis, como o alcoolismo que o fez morrer em 1983. É um caso clássico de ser humano em que o instinto predomina e por isso não faz planos a longo prazo, sucumbindo de forma trágica e melancólica.
Ronaldinho Gaúcho - Talvez o maior jogador de futebol nascido após os anos 1960. Ganhou tudo o que quis, brilhou com jogadas e gols estonteantes, mas, em um determinado período da vida perdeu a motivação (aquilo era fácil demais). É natural ao ser humano se motivar mais quando as dificuldades forem maiores e quando não existirem dificuldades abandonar ou trocar sua atividade profissional. Uma música que retrata essa situação é "Ouro de Tolo" do Raul Seixas que diz que conseguiu tudo na vida e agora estava entediado.
Pipoqueiro ou pipoca - Por ser generoso não vou citar ninguém nesse tópico, mas, são aqueles indivíduos que quanto maior for o desafio menos eles renderam. Numa sociedade que visa o lucro como a nossa esses seres estão diretamente ligados aos valores mais negativos possíveis. São aqueles que só sabem fazer um "bonito".
Apesar da minha pretensão gostaria contar com a colaboração dos leitores para outros tipos de personalidades comuns no cotidiano e em outros "mundos".
Blog do Márcio.com.br - Aqui a juripoca pia!
P.s.: Por motivos técnicos não publicamos nos últimos dias.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
O Militarismo no Brasil
Apesar de não ter vivenciado o período em que os militares governaram o país, convivo com várias pessoas que presenciaram essa época.
Na minha opinião, um governo que não aceita nenhuma forma de oposição, independente do lado (direita ou esquerda), não me representará.
No ambiente familiar essa questão nunca foi muito polêmica, muitos sabem o que é ser perseguido por pensar diferente.
Entretanto, alguns conhecidos, visualizando a atual corrupção do nosso país, volta e meia cogitam o retorno dos militares ao poder, uma vez que no tempo deles o caos era menor.
Oras! O que é isso?
As pessoas que defendem essa ideia, no mínimo, não possuem consciência política acerca do que venha a ser o país que vivem, pois com os militares a corrupção aumentará já que eles não permitirão investigações sérias sobre qualquer escândalo.
Outra situação apavorante é a desinformação gerada no período militar, onde muitos jovens que defendiam um país igual para todos simplesmente desapareceram.
Espero com esse pequeno texto auxiliar algumas pessoas que possam defender a volta dos "milicos" a tomarem decisões em sentido oposto, mas, reiterando, respeito a diversidade de opiniões e somente com essa diversidade conseguiremos construir um país melhor e, de fato, para todos.
Blog do Márcio.com.br - Por que a unidade de medida do Q.I. é Tar.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Pílulas do dia seguinte
Sobre a F1: Rubinho é isso aí. Sem ser original, quando mais se espera dele... é daí de não sai nada mesmo. Capaz de desempenhos extraordinários quando as circunstâncias são as mais desfavoráveis, costuma ratear quando o universo conspira a seu favor. Mas acho que dessa vez, ele sai com mais crédito da derrota. Lutou a luta justa, sem espernear e sem perder a compostura, somente o campeonato. Méritos de Jêinssan Bãtaoum. Se bem que, em 2007, o Hamilton perdeu um campeonato tendo vantagem de 17 pontos faltando duas corridas. Agora são 16. Milagres acontecem. Mas, pelo histórico, é melhor não alimentar expectativas.
“É da natureza do Humor ser impiedoso. O humor é o fiscal da falibilidade humana. Aceito que, às vezes é irresistível fazer uma piada sobre as coisas tristes, mas, sem querer parecer bonzinho, sou meio desajeitado para bater em cara amarrado. Chamo ‘bater em cara amarrado’ o que se pode chamar de Síndrome de Lynch. O cara passa por uma multidão que está linchando alguém, vê o pobre do linchado amarrado ao poste, vai lá e dá a sua porradinha.” (Ziraldo) Em tempos de pegadinhas, pânico, zorra total, o humor é sem graça e é angustiante a expectativa de algo além de belas bundas ornadas por acefalia e a claque a la Chaves.
Vamos falar de Honduras: o assunto já tá meio requentado, mas cabem alguns pitacos: Zelaya era direita. Micheletti é de direita. Ambos são do mesmo partido. Zelaya percebeu o movimento rumo à esquerda que toda América Latina viveu nos últimos anos. Resolveu pegar carona. Micheletti e a facção mais conservadora do partido deles resolveram empinar a carroça para obstruir a capitalização política populista de um ex-reacionário que cai nos braços do povo. A chancelaria brasileira se postou (com correção, em minha opinião) contra o Estado de exceção, contra o golpe, contra o poder dos quartéis. O Itamaraty é a melhor parte do governo Lula. Mesmo que esteja sendo usado por um caudilho, a expectativa era participar da restauração do Estado de direito.
A Anti-candidatura (eu prometo que até 2012 eu aprenderei como usar ou deixar de usar o hífen): Enquanto Ciro e Marina desfilam seus nomes como alternativas à polarização PTxPSDB, ainda que indisfarçadas crias do contraditório governo Lula, Heloísa Helena baixou a crista e cogita seriamente retirar seu nome da disputa. Com a brecha, Plínio de Arruda Sampaio surge como o nome do PSOL. Respeito e admiro a história e a postura do Dr. Plínio, mas se assumir como candidatura de protesto apenas ressalta a falta de um projeto político de esquerda. Em 1929, o modelo soviético surgiu como verdadeiro fantasma, causando paranóia no ocidente. Hoje, fenômeno mundial, desde a crise iniciada pela especulação imobiliária nos EUA, ficamos na expectativa de um projeto diametralmente oposto à ladainha de austeridade fiscal, controle dos gastos públicos, a histeria do mercado contra a intervenção do Estado na economia, etc, etc... e nada de grande repercussão surgiu.
Tem um jornalista chamado Flávio Gomes, figurassa. Ele idolatra alguns símbolos da antiga cortina de ferro. Disputa (como piloto mesmo) corridas a bordo de um Lada e é fã número 1 dos Trabant da Alemanha Oriental. No seu blog, ele está fazendo uma espécie de diário de viagem de Berlim a Praga, passando por Dresden, guiando um possante Trabant, de 26 hp, que recebeu o apelido de Gerd. Algumas passagens são impagáveis; outras, motivadas pelo consumo de cerveja de excelente qualidade, levam às lágrimas... de tanto rir! O mais interessante, contudo, é a simpatia ao modo de vida socialista. Selecionei um trecho: “Uma das críticas que fazem ao antigo regime diz respeito à doutrinação da molecada com ideias marxistas-leninistas desde cedo nas escolas, como se fosse um pecado ensinar aquilo em que se acredita. O que se faz numa escola brasileira hoje desde pequeno? Ensina-se a competição, o mata-primeiro-senão-ele-te-come-no-mercado-de-trabalho, a dar valor ao dinheiro, ao ter, ter mais sempre, e o que é isso que não uma doutrina escroto-capitalista que enfiam na cabeça das crianças mal elas saem das fraldas? Rotos falando de esfarrapados.” E conclui que a vida sem grandes expectativas pode nos afastar das grandes decepções.
Blog do Márcio.com.br: E aí, é menino ou menina?
domingo, 27 de setembro de 2009
Sr. Ladrão
No último sábado levei meus filhos, Pedro e Artur, ao cinema, pois estava passando o novo filme da Disney. Escolhi o shopping que, apesar de cobrar caro o estacionamento, é mais seguro que os cinemas do centro.
Para passar o tempo, antes da sessão, passeamos pelo local, inclusive, comprei um vídeo game para casa, apesar de meus filhos morarem com a mãe.
O filme não era lá essas coisas, mas para os pequenos era a 8ª maravilha do mundo.Duas horas depois de devolvê-los à mãe dei uma esticada num barzinho, afinal era feriado no dia seguinte.
Lá pelas tantas, com o latão cheio, cheguei em casa e deparei-me com uma paisagem muito estranha. No lugar dos meus móveis, digo tv de plasma, home theather e cama redonda, típicos de um recém separado, estava um enorme vazio. Ué! Será que eu casei de novo e a maldita já pediu o divórcio?
Enquanto procurava respostas para o que se sucedia encontrei um bilhete, muito respeitoso, diga-se por sinal, no qual eram mencionados todos os ítens roubados com a seguinte reclamação:
" Senhor morador, da próxima vez espero encontrar móveis com melhor qualidade uma vez que o home theather estava quebrado, o colchão rasgado e a tv trincada. Atenciosamente, Senhor Ladrão."
Meu Deus! Além de ter todos os meus bens surrupiados o ladrão ainda possui melhores educação e gramática que as minhas. Aonde esse mundo vai parar?
Num arroubo de fúria resolvi responder da forma mais "classuda" possível:
"Senhor ladrão, desde a sua última visita comprei novos objetos, inclusive, uma Garrucha que estará apontada para vossa face. Com estima, Senhor Morador. P.s.: Esqueci, vai pra puta que te pariu!"
Coloquei o bilhete na porta de casa e, em menos de uma semana, já tinha sido apanhado. Espero que o recado tenha sido dado, mas, pelo sim, pelo não, me mudei para um apartamento em outro edifício. Estou pensando até em mudar de cidade. Eu Hein!
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Qual é maior escândalo da F-1?
Com o passar dos anos minha admiração ficou abalada com alguns escândalos sem solução que elencarei agora:
1º Os títulos que Schumacher, o maior de todos, decidiu com trombadas e lhe renderam o apelido de Dick Vigarista.
2º A entregada de Rubinho na Áustria em 2002, com a célebre narração de Cléber Machado: "Hoje não, hoje não, hoje sim" fazendo alusão ao ano anterior que o brasileiro também, nos últimos metros entregou a posição para o alemão. Em tempo, no gp dos EUA do mesmo ano Schumacher retibuiu a gentileza.
3º Os duelos Senna-Prost decididos por batidas no Japão, tanto em 89 quanto em 90. Na época o presidente da FIA era o nazo-francês Ballestre e, por conta própria, deu o primeiro campeonato ao seu compatriota.
4º A morte de Senna em 94, em nome de uma categoria mais acessível comprometeram a segurança dos carros de forma trágica. O pior de tudo foi a impunidade.
5º O caso de espionagem envolvendo McLaren e Ferrari que culminou com a aposentadoria de Ron Dennis, chefão do time inglês, e escancarou a face nefasta da competição.
6º A marmelada aprontada pela Renault e por Nelsinho Piquet em Cingapura no ano passado. Se o Schumacher é o Dick Vigarista esses aí o que são?
Termino passando a bola pra vocês, conhecedores ou não, opinarem a respeito, ressaltando que o que me deixa mais p da vida é o fato que as punições foram só para inglês ver.
Blog do Márcio - dando um giro de 360° na F-1
domingo, 13 de setembro de 2009
Um Dia de Fúria
Os telejornais informam que o caos está a solta, notícias radiofônicas dão conta que a impunidade prevalecerá em nosso planeta, para qualquer pessoa isso já modificaria o estado de espírito.
Quando penso que o mundo que nos cerca está suscetível às mazelas da contemporaneidade me pergunto, o que me provocaria um dia de fúria? Quais fatores me fazem perder a paciência?
Convivendo com os meus; percebo que para cada um deles o calo aperta num local diferente e isso pode demonstrar situações curiosas.
Na minha casa, por exemplo, jogos do Santos costumam ser situações de alto risco para cadeiras, jarras e paredes. É comum aparecerem aquelas palavras que costumamos ver estrelinhas e caveiras, substituindo letras.
No serviço os colegas constantemente se irritam com a falta de atenção dos alunos durante aulas e avaliações, confesso que também me altero com esse comportamento. É compreensível uma dose de nervosismo durante testes, entretanto, confundir o sistema Solar com o solo ou na prova de biologia responder que a principal função do esqueleto é invadir o castelo de Greiscow, é demais!
Um dos maiores motivos de irritação em meu condomínio é o abusivo número de rateios para reformas, oras, se todo dia temos um problema novo não é melhor demolir o prédio e fazer um novo? Bradam os moradores aos quatro cantos.
Para não apanhar de algum indivíduo, escolhi uma turma de futebol com jogadores piores do que eu, essa é uma questão de auto preservação, mas, quem fica com o olhar colérico agora sou eu.
Minha cachorrinha fica totalmente estressada quando escuta a seguinte indagação: “Salsicha, vamos tomar banho?” Isso faz com que ela fique altamente agressiva com o autor da proposta.
E para vocês, o que causa a cólera?
domingo, 6 de setembro de 2009
A TV cumpre sua função de educar?
A grande imprensa deu grande destaque à disputa travada entre Globo e Record nas últimas semanas. No Orkut várias comunidades também enfocaram o tema, sempre com máxima parcialidade de cada manifestante. Numa delas, que cuida de acompanhar a audiência de cada programa e de cada emissora quase se retornou aos tempos das cruzadas!
Até porque esse debate veio à baila em meio à grande batalha travada entre Record e SBT por audiência com o imenso troca-troca de funcionários.
Tivemos uma salada, porém, eu não li, em nenhuma das manifestações dos participes uma palavrinha sequer, que demonstrasse preocupação com a qualidade da programação desse veículo de comunicação que adentra aos lares de milhares de brasileiros sem lhes ter o menor respeito, eis que acintosamente TODOS deixaram há muito tempo de cumprir a parcela essencial da concessão que receberam do Governo Federal, qual seja, educar!
Ao contrário, nos dias de hoje, com essa disputa acirrada pela audiência, pois esta representa faturamento, a qualidade da programação vem despencando ladeira abaixo.
Emissoras cuidaram até de tirar do esquecimento gente que nunca poderia ter ocupado um espaço destinado à educação do povo e agora tem DOIS, pasmem, pois é verdade, o sujeito tem dois programas na TV e o pior, tem gente lá na tal comunidade que cuida da audiência que acha o ilustre cidadão ótimo.
Tem emissora de VHF que aos domingos exibe infomerciais o dia inteiro! Dizem que o MP vem tentando coibir isso, mas até agora....
A única arma que temos contra esses abusos é o boicote amplo geral e irrestrito aos patrocinadores. Ainda que seja ressabido que nem isso barre algumas emissoras, (mas essa é uma questão de fé) outras seriam severamente atingidas, basta que tenhamos coragem, afinal nenhuma delas paga nossas contas!
PS.: Assim que terminei o texto ainda tive que ouvir do homem do Baú a seguinte pérola: “este programa não é educativo e sim de entretenimento”. Eeeeeeeeee quem quer dinheirooooooooo!!!
domingo, 30 de agosto de 2009
O meu primeiro show do AC/DC
Dia 28 de agosto: Vejo um disco do U2 quebrado na lixeira do meu andar. Aquilo me intriga profundamente. Por que todo goiano que gosta de rock gosta de U2? Outra dúvida que tenho é se alguém jogaria fora, mesmo que quebrado, um disco do AC/DC? Pelo sim, pelo não, aquela visão me anima ainda mais para o show.
Dia 12 de setembro: As notícias se confirmam, o show será dia 6/12 em São Paulo, no estádio do Morumbí, com o preço dos ingressos variando entre R$ 150,00 e R$ 400,00. Fudeu! Não vou ter dinheiro para a viagem e o show. Como é sábado, eu recebi, saio com meus amigos para discutir acerca da miserabilidade humana. Como é que eu vou?
Dia 21 de setembro: Fazendo pesquisas sobre preços, descubro que alugar uma van seria a forma mais viável, mas como é que eu vou convencer as pessoas a encararem essa empreitada? (Se fosse um show do Zezé di Camargo era só ir até esquina) começo procurando meu irmão e nossos amigos mais próximos que, de imediato, encamparam a ideia, agora só faltam 6.
Dia 7 de outubro: Finalmente o tal do Orkut serviu para alguma coisa, através dessa ferramenta virtual consegui reencontrar alguns ex - colegas de faculdade que toparam, por que não? Cair pra dentro. Chegando em casa comento a situação com o fisioterapeuta da minha mãe e descubro que ele também é fã da banda e estava necessitando de um modo para ir ao show e também entrou nessa. Como diria o Zagallo, só faltam 3!
Dia 20 de outubro: No meu trabalho encontro dois professores de matemática fãs da banda e que querem ir ao show (por que professores de matemática são fãs de AC/DC?). Para finalizar minha peregrinação reencontro um amigo dos meus tempos de política que para a felicidade geral da nação concorda com a proposta e a equipe está completa.
Dia 6 de novembro: Falta um mês! Consigo, com os meus, um modo mais barato de ir ao show. Alugamos uma van, com capacidade para 10 passageiros, ou seja, faremos a famosa e popular "vaquinha" para conseguir ir ao show. Agora eu vou!
Dia 19 de novembro: Agora vai! Agora é certeza! Mentira! A van alugada passará por reparos nos próximos 25 dias e, portanto, descartamos essa opção. Como vamos levar a renca para ir ao show em São Paulo? No fim do dia encontramos uma outra empresa de vans que tinha dívidas com a primeira e assumiu nosso transporte. Ufa!
Dia 5 de dezembro: Chega a hora da viagem. Conforme mencionei, anteriormente, 10 pessoas sairão de Goiânia por uma Auto estrada para o inferno com o intuito de assistir o show. As pessoas são: Eu; meu irmão Marco; Daniel, meu grande amigo; Rogério, amigo do meu irmão; Sérgio, fisioterapeuta da minha mãe; Diego Maradona, o professor; Luigi e Marlon, amigos da faculdade; Eduardo, amigo da política; e Haroldo, o outro professor. O odor de esmegma na van era mais intorpecente do que qualquer droga ilícita, já que é raro uma mulher gostar de AC/DC. Mas, enfim, chegamos a cidade para ir direto ao show.
Dia 6 de dezembro: Ao entrar no estádio nos situamos a cerca de 50 metros do palco, tá bom né?! tem gente que nunca ficará tão perto assim. A ansiedade pelo início me corroe por dentro. Exatamente às 21 horas, debaixo de uma típica garoa paulistana, começo a escutar os primeiros acordes de Hard as a Rock, sucesso de 1995, meu coração chega a 200 batimentos por minuto, é o momento mais extasiante dos meus, quase, 29 anos de vida. É melhor que catarro com açúcar!
Dia 30 de agosto: Como vocês viram, boa parte desse texto é um exercício de futurologia, mas, não é irreal ou impossível de acontecer. Enquanto não chega a hora do show se deliciem com o quinteto australiano.
domingo, 23 de agosto de 2009
Mundo Cão
A miserabilidade do ser humano desafia todos os limites do razoável. Apesar de sonhar com um mundo melhor, mais justo, em que as condições de existência sejam mais prósperas, creio que entreguei os pontos.
Comecei a capitular ao assistir esse singelo vídeo, de uma “pegadinha”:
Excesso de sensibilidade, diriam os brutos. Mas a brutalidade não é inerente à natureza humana. É um traço que adquirimos em razão do modus vivendi que nos infligimos. Aliás, associo claramente a evolução da espécie ao aprimoramento ético-moral dos seus indivíduos. Vejo os homens em relação aos animais como Deus em relação ao homem, por sua posição hierarquicamente superior. Ao vivenciar uma situação de humilhação constante, de tortura permanente, blasfemamos contra a possibilidade de um ser superior. “Se Ele existe, por que não olha por nós?” Algo análogo devem sentir os animais em relação à raça humana: quanto o mundo seria melhor sem a presença destes símios despelados!
No direito, aprendemos a distinguir as figuras do furto de uso e do furto famélico, que configuram excludentes de ilicitude (seja por atipicidade da conduta, estado de necessidade ou inexigibilidade de conduta adversa, o que não vem ao caso). Roubar (ou, no limite, matar) para comer, para manter-se vivo, não é crime. Ou ainda que seja crime, não é passível de punição, posto que é justificável. Assim, na natureza, ao nos depararmos com as feras que abatem suas presas, observamos que o objetivo imediato é sempre a alimentação, e o remoto é a conservação da vida.
Rousseau, ao estudar a natureza humana, distingue dois caracteres inatos (que por sinal, estão presentes em maior ou menor escala, nos demais seres viventes): o amor de si (amour-de-soi) e a piedade (pitiè). Muita digressão existe em torno da precisão destes dois instintos/conceitos, mas aqui nos interessa compreender basicamente que amor de si (que é o oposto do amor próprio, fruto da sociedade) é o sentimento da luta pela vida natural, superando as adversidades e intempéries próprias da existência na terra. A saciedade da fome, da sede, ar para respirar, enfim, essa busca encerra o que Rousseau chama de amor de si. Já a piedade, cuja tradução não é exata, se revela na aversão à crueldade: é comum às espécies a repulsão ao sofrimento alheio. Nenhuma mãe, ao menos entre os grandes mamíferos, deixa de se condoer ao ver sua cria inerte, prostrada, vitimada por qualquer circunstância. Os exemplos se proliferam.
O amor de si é o que garante a preservação do indivíduo; a piedade, da espécie. Apesar disso, o que choca Rousseau é o fundamento sobre o qual se assenta a sociedade: a morte, aquela que aparta o ser humano da natureza, e o transforma numa criatura artificial: “Os animais que você come não são aqueles que devoram outros, você não come as bestas carnívoras, você as toma como padrão. Você só sente fome pelas criaturas doces e gentis que não ferem ninguém, que o seguem, o servem, e que são devoradas por você como recompensa de seus serviços”.
Voltando ao meu percurso, aquele vídeo levou a outros, notadamente o de massacre dos golfinhos no Japão. Um horror já conhecido e divulgado nos grandes meios de comunicação. Navios pesqueiros, com suas enormes redes de arrasto trazem consigo toneladas de peixes. Sem se importar com as implicações comerciais, os golfinhos imaginam-se convivas de um banquete sem precedentes. É aí que o regalo se transforma em suplício, cujos pormenores, de revirar o estômago mais forte, não serão tratados aqui. O único detalhe que não pode passar em branco é que a matança não tem fins alimentícios: as carcaças são devolvidas ao mar de sangue. Há quem traga o apelo cultural à baila, mas o consumo dessa iguaria é reduzidíssimo.
Em um sítio português, caloroso debate gira em torno desse tema. Salta aos olhos que a questão se desvia completamente em direção ao nacionalismo. Os japoneses (e, de roldão, os orientais) são os responsáveis por essa ferida aberta na humanidade. É uma barbaridade da cultura atrasada, do despotismo oriental, na ausência da cristandade, ou sei lá eu o que. E estes se julgam superiores aos que focalizam o tema apenas sob a perspectiva monetária (análises que demonstram que os maus tratos são contraproducentes do ponto de vista financeiro).
Na verdade, não há muitas diferenças quando a fábrica de desculpas chafurda nas mesmas contradições. Fiquei pasmo com o seguinte comentário: “Esse vídeo faz-me chorar de dor e raiva... [faço] tudo o que posso [para] evitar [produtos] vindos do Japão e lojas de chineses nem entro e peço aos meus amigos para fazerem o mesmo... Aliás os meus cremes de rosto eram da Kanebo, uma marca japonesa... esta semana mudei para uma só de produtos naturais da Suíça. É pouco mas é um começo...”
É o começo... da miséria. Da miséria explícita. De outra parte, um japonês ofendido com as agressões que quase tomam o vulto de um conflito internacional, resolveu publicar o que há de mais hediondo no assunto: massacre de golfinhos e baleias nas Ilhas Faröe, cães e gatos na Coréia e na China, vacas nos EUA (criadas em escala industrial, conforme uma linha de produção), porcos nos EUA (mesma dramática situação), cangurus na Austrália e focas no Canadá (com a agravante que devem ser apenas as focas filhotes, pois o pelo é branco, belo, ideal para casacos majestosos que ornam a alta sociedade).
A vida poderia ser bem menos ordinária. Por isso não faço nenhuma questão de divulgar o link. Aliás, em nada engrandeceria a força dessa causa a estúpida exibição de imagens. Nesses casos, em minha opinião, é sempre torpe a cumplicidade do cinegrafista. Isso sem considerar a utilização de animais para experimentos científicos (a tortura perpetrada sob o pomposo nome de vivisecção), para os bizarros espetáculos como touradas, rinhas de cães e galos, os lamentáveis abusos ocorridos em circo e mais uma mácula no mais alto grau de civilização ocidental: o foie gras, fígado de ganso ou pato superalimentados com uma mistura de milho, gordura e sal socados goela abaixo, iguaria très chic nas mais requintadas mesas.
Se as paredes dos matadouros fossem de vidro, visíveis ao público, o número de vegetarianos seria exponencialmente maior. Há as ressalvas da comida Kosher, tradição judaica, que faz o certo por linhas tortas. Mesmo esquema de leis dietéticas existe no Islamismo, chamado Halal, e no movimento Rastafári, denominado I-tal. São rigorosos procedimentos de variadas origens (filosóficos, ritualísticos ou mesmo práticos e higiênicos) quanto ao método (obedecem a preceitos bíblicos ou corânicos), preparo (a execução não deve causar sofrimento e o sangue deve ser totalmente vertido) e escolha (porcos e camarões são proibidos por serem necrófagos) dos alimentos. Mas que numa sociedade tão desnaturada como a nossa, ao invés de sanar uma tragédia acrescem outro problema: esses cuidados encarecem os alimentos!
Abriria mão de toda essa cantilena se fizéssemos o seguinte experimento: num cercado para observação, colocássemos uma criança, uma maçã e um coelho. Se a criança comesse o coelho e brincasse com a maçã todos os meus argumentos cairiam por terra. Mas não é esse o caso, pois isso é contra a natureza. Assim como é contra a natureza a reificação dos bichos, a criação para fins de abate, algo como em Matrix, uma espécie que através privação de sua vida fornece energia vital para outra.
Blog do Márcio.com.br: Quanto mais eu conheço os homens, mais eu gosto dos meus cachorros.
domingo, 16 de agosto de 2009
O que está acontecendo com Goiânia?
Primeiramente, recebemos a visita do atual presidente da república que, aproveitando uma celebração de entrega de casas populares, discursou de forma bem articulada, contrariando o senso comum que o execra por sua baixa escolaridade, e criticou seus opositores goianos que não souberam administrar nosso estado.
No dia seguinte, uma carreata, articulada pela igreja católica, parou o centro da cidade com os dizeres " Pela vida, contra o aborto!". Essa é uma situação complexa, pois a igreja católica e alguns segmentos da sociedade querem gerir os ventres femininos, pra mim, essa é uma decisão que cabe apenas à própria mulher.
Por fim, no outro dia, uma meia dúzia de seis ou sete (como dizia um conhecido) estudantes caminharam pelas ruas da cidade para requerer a renúncia do atual presidente do senado brasileiro. Essa manifestação, em pequena escala, lembra o movimento dos "caras-pintadas" de 1992, porém, não têm nenhum canal de televisão coordenando-o pelos bastidores.
Por coincidência, estava na rua durante os três acontecimentos e verifiquei a opinião das pessoas que, num consenso pitoresco, emitiam os seguintes comentários: " Político é tudo bandido, só vejo quem vou votar na fila da votação" ou "Esse povo precisa achar um lote pra capinar". Essas opiniões demonstram a letargia do goianiense em perceber as transformações do mundo e que a relação entre servos e senhorios já está extinta.
O que vocês acham disso?