segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Fraude



Quando lemos essa palavra a associamos aos valores mais nefastos de nossa sociedade.


Na política, por exemplo, a gama de ações fraudulentas vão desde a manipulação de pesquisas de opinião pública até ao desvio de dinheiro público para o interesse particular, peculato. Os casos existentes são os mais diversos e envolvem políticos de todas as frentes que compõem a democracia burguesa. A complexidade de alguns desses casos nos leva a um senso comum de que todos os políticos são corruptos e que qualquer um que se torne um deles também virará. Essa linha de raciocínio só interessa a quem detém o poder econômico, pois, ninguém se preocupará em combater as fraudes financeiras enquanto todos os “representantes” do povo tiverem a ficha suja.


Passando para o esporte, vemos que a fraude se faz presente na tentativa de vários atletas, movidos pelo insano capitalismo, tentarem obter suas conquistas desrespeitando legislações (doping) e costumes morais (malas das mais diversas cores). Penso que as relações humanas não são, somente, biológicas, mas também, sociais, portanto o desenvolvimento da nossa racionalidade, nos variados temas, deve ser aproveitado também, desde que não abandonemos o lado biológico e moral que o esporte proporciona.


O âmbito econômico oferta essas transgressões desde que “o mundo é mundo”. É a famosa e popular Lei de Gérson, onde o importante é ludibriar o próximo (antes ele do que eu). Esse tipo de mentalidade é comum em muitos detentores de poder econômico que acreditam, com a maior sinceridade, que é melhor para um país que empresários aumentem suas margens de lucros, com menor carga tributária, do que o Estado promover a distribuição justa da riqueza produzida. Usam os argumentos do segundo parágrafo para defender tal tese. Além disso, burlam regras pré estabelecidas de controle econômico (a figura do “por fora”) para potencializarem seus ganhos.


Chegamos ao momento mais oncológico das fraudes, a fraude educacional. Vivemos num país que apresenta os mais distintos contrastes sociais, se realizarmos uma digressão, veremos que essa atual realidade surge na conquista do “Novo Mundo”, momento este em que a Europa, dona do poder financeiro, necessitava de novas fontes de ampliação de seu capital, para isso resolveram explorar outros povos, como africanos, pelo diamante e por escravos, e os americanos, por suas elevadas riquezas minerais e vegetais. A partir desse momento, negros e índios passaram a ser tratados como seres inferiores à raça humana, sendo desrespeitados todos os seus valores culturais em nome de uma ideologia eurocentrista. Com isso, a educação passou a privilegiar uma elite “branco-européia” que tem mais acesso aos chamados cursos nobres (direito, medicina e engenharia) enquanto à choldra só restam cursos de segundo escalão ou técnicos que não acabaram com a desigualdade social. Outro fator de bastante aflição é a necessidade governamental de alcance de metas para a educação, essas metas vão de encontro a uma das figuras mais importantes no processo educacional, a reprovação, pois, a escola que possuir o menor índice de reprovação obterá a maior parcela de investimentos governamentais. Essa situação gera algumas aberrações como o fato do aluno, hoje em dia, ser reprovado somente por faltas o que propicia alunos com o ensino médio completo e que são analfabetos funcionais, mas a escola em que estudaram não é a principal culpada, o principal culpado é governo que não investe seus recursos na qualificação de professores e na possibilidade desses jovens alcançarem empregos com valorização maior na sociedade.


Termino relatando que apesar de meu posicionamento ser extirpar a figura da fraude de nossa sociedade vejo a impossibilidade de tal ação ocorrer, pois, é inato ao ser humano procurar caminhos “alternativos” para a obtenção de vantagens e ganhos perante seus pares.


Blog do Márcio.com.br- A desigualdade não é justa!

3 comentários:

Marco disse...

Vários comentários num só:

Ainda bem que ninguém veio encher o saco porque a tipificaçao do crime de peculato não estava precisa sob a perspectiva jurídica...

Por que você adjetiva democracia com o rótulo "burguesa"? Existe, porventura, uma democracia "proletária", infensa à fraude?

Nos países da Europa Oriental de outrora (não exatamente seguidores do "insano capitalismo"), os casos de doping eram frequentes.

Você vê alguma relação do esporte enquanto exercício moral e físico com o esporte de competição de "alto nível"?

Quais são os argumentos do segundo parágrafo?

A tese de fundo do liberalismo econômico, já presente em Adam Smith, e que pode ser verificada também em Stuart Mill e Jeremy Benthan (estudo filosofia, e não economia; logo, não tenho certeza se outros economistas clássicos também a defendem. Mas tem um caso exemplar: o holandes Bernard Mandeville escreveu que "os vícios privados se convertem em virtudes públicas") é que a soma das buscas pela felicidade em escala individual se transformam em bem estar público. Em terminologia de mercado, isso é empreendedorismo, ou seja, através da livre iniciativa de cada um, o coletivo se beneficia; o progresso particular se reflete na sociedade.

Momento oncológico é um verdadeiro corte epistemológico nas frases de efeito.

Os cursos de segundo escalão não acabaram com a desigualdade social, mas então o que fazer? Uma sociedade simplificada, composta apenas por médicos, engenheiros e adEvogados?

Os Incas, apesar de não possuírem um alfabeto, tinham um código penal. E o crime punido de forma mais severa, com pena capital, era a mentira. Não entanto, essa cultura, que experimentou seu apogeu em meados do séc. XVI d.C. se extinguiu quando seus valores foram postos à prova no choque de civilizações que ocorreu com a chegada dos europeus. Como punir com a morte os mentirosos e, ao mesmo tempo, se relacionar com brancos, cujas maiores expertisses eram a austúcia, a perfídia, a torpeza e a tramóia?

Recentemente, pesquisadores publicaram estudos no sentido de que a mentira é necessária ao convívio social harmônico. Isso é mais uma justificativa para as coisas serem do jeito que são.

Não creio que seja um problema ontológico do ser humano. No campo do dever ser, acredito que soluções caminham no sentido de se mitigar o sentido de "vantagens" e "ganhos", de tal forma que cada usufrua de suas necessidades sem a amolação dos empreendedores...

Márcio Scott Teixeira disse...

Considerações:

1. Esse texto não é uma monografia e sim uma simples opinião pessoal.

2. Pelo andar da carruagem o único adevogado que acompanha o blog não perde tempo com a forma.

3. É democracia burguesa burguesa pela necessidade de participar de alguma entidade para ter vez e voz.

4. A relação entre os dois tipos de esportes mencionados pode existir desde que os avanços tecnológicos podem facilitar até o esportista "comum".

5. Se existir na sociedade diferentes valorizações para as profissões vai continuar tendo desigualdade social.

No mais, tentei não ser repetitivo.

Hilvany disse...

oie amigos, mas voltando as suas grandes discrepâncias ontológicas fundamentam que na democracia há espaço para o proletariado, vejamos em todas a história do mundo só há duas classes a burguesia e o proletariado, não vejo em algum discurso ou em alguma faze de luta mundial que a democracia veio para o proletariado com sua forma de pensar e gesticular, até mesmo a digna Revolução Francesa houve dos 3 Estados um composto de 600 que eram da maçonaria, oh vida o proletariado não deve curvar-se aos pés dos burgueses nunca!!!